O cheiro e a cor da infância

(sim, sou eu. com 5 anos de idade)

 Nostalgia, lembranças, saudades. Estas três palavras me machucam e muito, me faz querer voltar no tempo a qualquer custo e viver vários momentos novamente. São momentos da minha infância, pré adolescencia.

 Lembro quando tinha meus cinco, seis anos, eu amava -ainda amo- assistir aos contos de fada da Disney, em especial Branca de Neve, Bela Adormecida e Pequena Sereia. Na terça-feira, me tornava Aurora e espetava meu dedo na roca de fiar. Desmaiava, esperando o beijo - que era na bochecha - do príncipe sobre seu cavalo branco. Mas a pequena aqui já cresceu e faz algum tempo...

 Acho que é dificil para qualquer pai ou mãe ver seu filho mostrando sinais que já não é criança ou apenas tenta não parecer mais uma. Lógico que não sei o que é sentir isso, não tenho filhos, mas o sonho de ter um ou dois pairam na minha cabeça. Acho que para o filho é dificil perceber que os pais estão ficando velhos.   

 Estou passando por isso neste momento da minha vida, minha mãe - sem querer ofende-la - está envelhecendo. Isso pesa, dói, machuca.

 Já comentei isso com ela e a resposta que ouvi foi “sim, tu já devias esperar, né?”. Não, nunca esperei por isso e digo mais, o tempo é muito cruel. Passa e arrasta tudo que está pela frente.
 Eu, inclusive eu, já posso dizer que sinto o tempo. Não sei, mas pode ser pelo o que todo mundo diz “depois dos 15, aproveite, porque tudo passa muito rápido”. Achava a maior idiotice até que completei 15 e já faltam um pouco menos de 3 meses para completar 16! Pra onde o tempo vai? Ele vai tão depreça que nem posso anotar a placa. Ele pelo menos poderia se despedir decentemente.
 Eu estou sempre a recordar da minha infância, me recordo dela por cores e cheiros das coisas. A antiga geladeira vermelhor sangue da vó onde eu colava meus desenhos, minha blusinha lilás com cinco flores desenhadas -esta eu lembro que tinha outra igual, mas branca-, minha toalha de banho amarela e branca, meu avental verde e branco da pré escola com meu nome bordado no bolso da frente, o caderno azul em que aprendi a escrever... 

 Ainda lembro do cheiro do sabonete que minha madrinha comprava -que era rosa choque-, o cheiro da minha primeira camiseta do Simple Plan que continua o mesmo desde que a comprei -e depois muitas e muitas lavagens e diferentes perfumes-, o cheiro do travesseiro da mãe, o cheiro gostoso que só a carne de panela da vó, o cheiro de lavanda de muitos de meus perfumes que já se foram.
 Ah, se eu pudesse engarrafar todos os cheiros e colecionar todas as cores em albuns!